quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Docinho

Às vezes andámos tão focados nos aspectos negativos das coisas que esquecemos as coisas boas que nos acontecem.

No ano lectivo 2006/2007 fui colocada, por 3 anos, numa escola de Braga, por minha escolha. Pertenço ao quadro de outra escola, mas concorri em primeiro lugar para esta, em destacamento. Fica a cerca de 3 minutos de minha casa, e foi por isso que optei por ela. Apesar de tudo o que ouvi até então sobre as escolas dos grandes centros, convenci-me de que não devia ser assim tão mau.

O problema é que, de facto, tudo o que me disseram é verdade! Os alunos são difíceis e as pessoas individualistas. O dia-a-dia na escola, às vezes, torna-se tão difícil de gerir, que a noite não é suficiente para me desligar e distanciar. (É tão difícil, que, por vezes, eu questiono-me se terei sido eu que mudei, e já não tenho o que é necessário para ser boa professora.)

Mas depois parece que há intervenção divina e lembramo-nos de um doce que nos foi dado (literalmente). Foi o que aconteceu hoje.

Estava a preparar-me para ir trabalhar, a pensar se o dia seria fácil ou difícil. E lembrei-me.

De um dia, no fim de uma aula, quando ia no corredor e fui abordada por um aluno, que não é meu aluno, mas que me cumprimenta sempre, um aluno de quem os seus professores se queixam por ser indisciplinado. O aluno disse-me olá e, se calhar, viu na minha cara que eu precisaria de algo mais e, para meu espanto, ofereceu-me um chupa-chupa: "setora, tome.", tão veementemente que nem pensei em recusar.

Foi um miminho tão bom, numa escola tão dura, que por muitos anos não hei-de esquecer, se calhar nem nunca na vida.

Os alunos da escola à qual pertenço, e onde estive mais de 10 anos, são eles uns doces, e, presenteiam-nos constantemente, não me refiro a presentes materiais, embora também aconteça frequentemente, mas com carinho.

Talvez eles não saibam das saudades que eu tenho deles e de como gostei de ser sua professora, mas na verdade, enquanto lá estive nunca tive dúvidas de que ser professora era o que eu queria fazer para o resto da minha vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

A minha experiência é o espelho da tua! Mas, entre alguns colegas, ainda se vão trocando "docinhos" indeléveis: poucos, mas que valem mais do que todos os restantes.