Preparar para o inverno

"Já????" - perguntam, incrédulos, os leitores deste blog. - "Mas estamos no Verão, e ainda falta o Outono!"
"Pois é!!!" - respondo eu com a minha vasta experiência em gestão doméstica. - "Mas vocês não sabem que a melhor altura para comprar lenha é no Verão? É a altura em que ela está mais seca."
"- Ahhhhh! - Exclamam os leitores do blog, embasbacados com tanta sabedoria. - "Muito, muito obrigado, Tricotes. Com essa dica, vamos passar o Inverno quentinhos!"
"- Não têm que agradecer. Ser generosa está na minha natureza."
"- Tricotes, por favor, por favor, conta-nos como foi a tua preparação."
"- Ohhhhh, mas eu não quero maçar-vos com as minhas histórias."
"- Tu, Tricotes, jamais será maçadora! A tua entrada na blogosfera, fez de nós seres humanos muito melhores! Por favor, partilha connosco a tua preparação."
"Foi assim: tudo começou no dia 20 de Agosto, segunda- feira (claro que já andava a pensar nisso há algum tempo), quando telefonei para o Senhor da Lenha, e encomendei uma tonelada de lenha. Quem me arranjou o número foi a minha prima B. que, de tão desprendida que é, partilha tudo o que sabe com toda a gente. O Senhor da Lenha, informou-me do preço (80 euros) e combinou entregar-me a lenha hoje às 8 h. Então, de segunda até hoje, teria de arranjar espaço na garagem para receber a tão desejada lenha. Como segunda e terça já estavam destinados para outras coisas, tive de arrumar a garagem na quarta-feira. Esperava-me um dia difícil! A quantidade de lixo que acumulei durante estes últimos anos era impressionante. A garagem só tinha espaço para pôr o carro, nada mais. Vejam aqui nesta foto, o estado da garagem!
Na tarde de quarta, arrumei a garagem. Previamente, tinha marcado com a Agere a recolha de lixo para quinta-feira, mas tinha de o pôr na rua na noite anterior, depois das 10h.
Recolhi todo o lixo que tinha que ir para o ecoponto e deixei o que ia ser recolhido pela a Agere na garagem, como mostra a fotografia seguinte:
À noite, depois do camião do lixo ter passado, procedi a terrível tarefa de pôr o restante lixo na rua. Uma mesa, pedaços de cadeiras, pedaços de uma cama, uma estante, e muitas outras coisas. O pior de tudo e que deixei para último foi o colchão.
Carreguei, carreguei e carreguei lixo sem conta. Mas, não me senti sozinha, pois tinha três companhias preciosas a velarem por mim, nas varandas de suas casas. Três homens, acompanharam o meu vai e vem em pormenor. Desde carregar a mesa, a estante, as madeiras da cama. Mas, o momento alto, foi quando transportei o colchão, que como não cabia no elevador teve de ser arrastado pela garagem, subir a rampa com uma inclinação de mais de 45º e, em seguida, ser arrastado pela rua, uma vez que a entrada da garagem do prédio ainda é distante do local de colocação do lixo. Com muita atenção, a tudo assistiram aquelas vivalmas. Observaram todos meus movimentos e enviaram-me todo o apoio moral que conseguiram. Sim, aqueles três seres maravilhosos, foram essenciais para eu conseguir levar a "bom porto" o meu difícil trabalho!
Por fim, a garagem ficou com bastante mais espaço, e eu esperava que lá coubesse uma tonelada de lenha que, para quem não se lembra, corresponde a 1000 kg.
Chegamos ao dia de hoje, sábado. Não sei bem porquê, acordei às 6:30h (seria ansiedade?). Às 8:01 h, o Senhor da Lenha chegou. Para tornar ainda mais emocionante a preparação para o inverno, a carrinha era das grandes e não conseguiu entrar na garagem. Tivemos de transportar a lenha, desde a entrada da garagem do prédio até à minha garagem que, por ficar na outra extremidade, tornou tudo muito mais divertido. E lá fomos, o Senhor da Lenha com uma carreta e eu aos braçados, levando a lenha ao seu destino. Com muita pena nossa, minha e do Senhor da Lenha, a tarefa chegou ao fim, e tivemos de nos despedir, trocando promessas de nos voltarmos a encontrar no próximo ano.
O Senhor da Lenha foi à sua vida, e eu fui tratar da parte que só eu podia fazer, arrumar a lenha na garagem.
Esta parte, não vou mentir, não foi fácil. Mas, depois de lascas espetadas, sangue pisado e unhas partidas, a visão de toda aquela lenha tão bem organizada, tudo compensou, e eu esqueci a bolha no dedo com sangue pisado que incomoda a escrever, a dor no peito do pé provocada por um tronco que caiu, tudo isso, passou para segundo plano com semelhante visão.
Vejam estas fotos e logo concordarão comigo:

Ahhh, é pura arte! Não concordam?"
"- De facto, Tricotes, temos de concordar, uma visão assim não acontece todos os dias!"
E, assim, mais uma vez, Tricotes, com a sua sabedoria, contribuiu para a felicidade de milhões de leitores do blog, que poderão continuar a usufruir dos seus ensinamentos muito mais quentinhos!